sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Mille Economy 2009: Não captei vossa mensagem, amado mestre!

Após anos afastado da mídia, o Fiat Uno volta a figurar nas telinhas.

Esta é a aposta que a Fiat faz ao encomendar 13 comerciais para a agência Giovanni+DraftFCB sem contar os anúncios em veículos impressos (jornais e revistas) e o material destinado aos PDVs.

A principal inovação diz respeito à dinimuição do consumo de combustível que inclusive inspirou a criação e inserção de um "econômetro" no painel de instrumentos do carro.

Esta volta não é por acaso e muito menos seguindo um modelo de consumo nostálgico, aflorado em boa parte do mundo e manifestado por diversas empresas como por exemplo a volta do Atari, Genius, Pogoball, etc.

O fato é que apesar da Fiat possuir 2 dos 3 carros mais vendidos no país, a liderança cada vez mais consolidada do Gol (VW) na primeira posição do ranking (*31mil), já gera uma diferença pouco menor que o somatório dos outros dois colegas de pódio: O Palio (*22mil) e o Uno (*13,5mil), tendo como base o mês de julho de 2008 de acordo com o levantamento oficial feito pela FENABRAVE. *Valor aproximado de unidades vendidas.

Sem nenhuma sombra de dúvida, o Uno é um dos maiores sucessos do setor automotivo brasileiro.

Sempre com o apelo de economia e sendo o carro mais barato do país, o Uno resistiu à curva de nascimento (lançamento) e morte e superou a expectativa de vida em mais de 10 anos.

Apesar do sucesso, o Uno sempre teve de lidar com três características inerentes a qualquer um de seus modelos.

Uma delas é positiva e podemos considerá-la um benefício: A economia proporcionada ao cliente.

Seja ela referente ao consumo de combustível seja ela referente ao preço de venda (o mais barato do país durante anos e anos).
Esta característica aliada à tecnologia dos motores Fire fez do Uno um dos carros 1.0 mais velozes e potentes de toda a categoria, pois sua carroceria considerada leve gerou uma relação potência/peso considerável em um carro com motor de pouco menos de 1000 cilindradas.

Se esta receita fez sucesso no passado, não apostaria na máxima que diz: Em time que está ganhando, não se mexe.

Hoje os consumidores que buscam economia na hora de comprar um veículo estão mais exigentes e bem informados, e neste caso já não enxergam mais um carro econômico apenas pela relação Km/L.

Chegamos exatamente nas outras duas características inerentes ao Uno.

A segunda diz respeito ao valor do seguro.
O Uno sempre esteve no topo do ranking dos seguros mais caros em relação ao valor de mercado do veículo. Por ser o mais barato do país, o Uno desenvolveu uma personalidade megalomaníaca.
O carro é compacto no tamanho mas o valor da apólice do seguro é relativamente equiparável a carros de grande porte.
Se o Uno sempre figurou entre os 3 carros mais vendidos do país e nos últimos anos disputa esta posição com o Celta (GM), porque o seguro do Uno é tão caro?

Chegamos portanto, à terceira característica do Uno: A segurança
Se o Uno é um dos maiores sucessos de venda do país, também é um dos maiores sucessos de furto e arrombamento.
O carro mais fácil de ser arrombado, não possui o seguro caro porque serve como carro de fuga, como no caso do nacionais Audi A3 ou Golf (VW), Astra (GM), etc, mas é bastante atraente sob dois aspectos: Roubar e desmontar ou arrombar e levar o som.

O cliente que se diz econômico não está disposto a pagar uma pequena bagatela para levar um Uno com som integrado ao painel (difícil de levar e sem valor de revenda para os ladrões), portanto, quanto mais Uno nas ruas, mais som de carro no “mercado paralelo”.

Além da segurança em termos de arrombamento, o Uno (Fiat) assim como a Kombi (VW) contam as horas para aposentarem suas formas, já que, de acordo com as novas normas do CONTRAN, ambos serão descontinuados em 2012, quando os veículos montados no país deverão sofrer alterações suficientes para garantir a integridade física dos passageiros nas colisões de acordo com as medições feitas no crash test.

Atualmente o CONTRAN só considera as deformações feitas na lataria do veículo mesmo que sejam suficientes para quebrar uma costela ou algo mais grave no motorista e passageiro dianteiro.

Saindo da analise do produto e indo para a campanha publicitária, percebemos claramente a intenção da montadora em afirmar que o veículo é o mais econômico do país.

Resta saber se esta economia se restringirá ao consumo de combustível (conforme exposto demasiadamente nas peças publicitárias) ou em relação ao preço do carro e valor médio das apólices de seguro (independente do perfil do segurado já que estamos tratando de valores relativos e não absolutos).

Mesmo que seja somente no consumo de combustível, não dá pra não ficar ansioso com a promessa de 10% a mais de economia, até porque para ser o mais "econômico" neste quesito, o nosso querido Uno terá de ultrapassar a marca conquistada pelo sul-coreano Picanto (Kia), que apensar de ter acabamento melhor e disputar um segmento acima em termos de sofisticação e conforto (Hatch Nobre), apresentou a seguinte performance em Km/L: 14,2 (Urbano) e 23,4 (Rodoviário) gerando um consumo médio de 18,2. O Uno Mille também fez parte deste teste (Hatch Plebeu) e apresentou os seguintes resultados: 10,8 (Urbano) e 12,3 (Rodoviário) gerando um consumo médio de 11,5, sendo o segundo melhor colocado no consumo de combustível.

As medições foram feitas em condições reais de tráfego pela revista Auto Esporte (março/2008) que dividiu os 16 modelos 1.0 testados em 4 categorias cuja nomenclatura foi a seguinte: Hatches Plebeus e Nobres e Sedans Plebeus e Nobres.


Além disto, o consumidor aumentou a procura por carros mais potentes, haja visto a matéria recém televisionada no Jornal da Globo: O motor mais potente que cabe no bolso, em que a procura por carros 1.4 põe em cheque a permanência dos 1.0 no mercado automotivo em médio prazo.
Haja visto o próprio desempenho da Fiat que neste mês de julho vendeu mais modelos 1.4 do Fiat Palio 2008 (58%) que os modelos 1.0 (35%) de acordo com matéria publicada na revista Auto Esporte (set/2008) recém chegada às bancas de revista.
Os 6% restantes referem-se ao modelo 1.8R equipado com motor GM.

Tenho dúvidas se trocar o conta-giros (tacômetro) pelo “econômetro” não torna o painel ainda mais infantilizado juntamente com as demais cores presentes no painel de fundo branco e cinza.

A preocupação com a economia é tão explicita que dá a sensação de descaso da Fiat em relação ao resto.
Certamente o Uno não é o carro mais apropriado para aparecer em comerciais enaltecendo o espaço interno, acabamento, conforto, estabilidade, desempenho, etc. mas com um trânsito cada vez mais caótico, a ergonomia e dirigibilidade também seriam muito bem vindas na proposta de comunicação, além de um plano de revisão programada com o preço pré-estabelecido, assim como na rede Renault e Citroën.

Caso contrário a campanha poderia ter o seguinte Slogan: Uno beneficio y nada más.

O que chama mais atenção, é que o Uno assim como o Novo Gol (VW) apostam em velhas receitas de sucesso. O Gol já mostrou a que veio e agora é a vez do nosso querido Herbie poligonal tupiniquim “falar” a que veio.

Vamos torcer para que este agito no mercado automotivo tenha como principal ganhador o cliente.

2 comentários:

  1. Oi, Chris! Bom, de carro eu não entendo muito não, mas uma coisa me deixa muito feliz: ao contrário de Minas, que tem aos montes, aqui em São Paulo não se vê Fiat Uno! Eta carrinho feio! hehehe Em compensação, tem Corsa e Pálio em todo lugar, o que é bem mais agradável. Beijusss

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