sábado, 4 de abril de 2009

A regra é clara!

“Bom dia, amiguinho já estou aqui. Tenho tantas coisas pra nos divertir . Quero ouvir vocês, vou contar até três.”
Quando Messias Corrêa e Rogério Endé escreveram esta musica, de uma coisa eles sabiam muito bem. O brasileiro é melhor na matemática que no português. Sem dúvida, contar até três não é um sacrifício tão grande assim, agora se fosse até cinco, esta musica poderia deixar de ser um sucesso e cair no anonimato. Neste ponto eles foram sábios.

Por outro lado, ao longo da frase, se esqueceram de que o cumprimento foi dado a uma única pessoa e acabaram solicitando a mais de um receptor da mensagem que contassem até três. Talvez, pelo fato da musica ser cantada pela Xuxa, eles poderiam estar se referindo aos duendes, mas este é um outro tópico a ser discutido posteriormente.

O que gostaria de refletir com você, caro leitor, é a contribuição efetiva que a nova reforma ortográfica da língua portuguesa trouxe de beneficio concreto aos brasileiros. A reforma em questão tratou apenas de aspectos morfológicos, o que significa dizer que, a função destas palavras nas frases (sintaxe) não foi modificada.

Isto, sem duvida ou com certeza, serve de alivio para muitos de nós, até porque, estávamos a ponto de aprendermos a ortografia correta das palavras e seria muito injusto se eles resolvessem mudar também a função destas ao longo das orações. Falando em orações, não haveria de ter nome mais apropriado para isto. A correta definição de oração é: Aquela frase que você escreve e reza para não ter cometido nenhum deslize de acordo com a norma culta. Para falar a verdade eu nunca me preocupei muito em rezar após escrever um texto. Parto do pressuposto que sou filho de uma nação ignorante, e assim sendo, não pertenço a esta tal norma culta. Isto certamente deve ter sido inventado por alguma socialite de plantão.

Mas voltando ao assunto em pauta, o objetivo desta alteração gramatical é permitir uma integração maior entre os povos de língua portuguesa. Ciente disto fiquei mais aliviado em saber que não precisaremos nos dar conta dela. Até porque no Brasil não se escreve e muito menos fala-se a língua portuguesa. Aqui nós falamos e escrevemos a língua brasileira. Esta sim tem bastante aplicabilidade em nosso dia-a-dia. Com a reforma ortográfica nós podemos compreender que as bichas de Portugal continuam diferentes das nossas e os cacetinhos, aqui utilizados por policiais fardados, lá podem ser comprados em qualquer padaria que se preze. A lingüiça então, agora perdeu a trema. Sem tremer, ela foi mais bem aceita pelas bichas tupiniquins, porém em Portugal parecem fazer o mesmo sucesso de antes em companhia dos cacetinhos.

O Brasil certamente se beneficiará muito com esta reforma já que temos grandes interesses comerciais e políticos com o Guiné-Bissau, Moçambique, Angola, dentre outros. Pra quem não sabe, hoje a língua portuguesa é a 5ª mais falada no mundo e certamente a 231ª mais escrita. Isto significa que depois de aprendermos o Inglês, Espanhol, Mandarim e também o Italiano, Francês e Alemão, estes só pra tirar uma onda, podemos enfim estudar o português.

Teremos 4 anos para nos adequar a esta nova regra ortográfica. Um pouco menos de tempo em relação aos 500 anos que levamos para não nos adequarmos à anterior. Porém, a reforma também encontra resistência em alguns países losófonos-big-brothers. Em Cabo Verde, por exemplo, o povo manteve a cor de ódio e no Timor-Leste, os cidadãos ilustres Timão e Pumba disseram estar temerosos acerca desta mudança.

Agora você poderá escrever km/h na sua oração sem ter de ajoelhar no milho, pois, depois de um tempo encarcerado na antiga FEBEM, a letra K e suas amiguinhas Y e W foram reabilitadas ao nosso alfabeto. Isto também contribui para que muitos brasileiros não confundam mais quilo, como sendo abreviação de quilômetro. Assim a relação km/l não significa uma relação física entre o sólido e o liquido e sim entre velocidade e consumo de combustível. Da mesma forma em que a musica Hakuna Matata também poderá ter sua letra difundida no Timor-Leste sem maiores problemas gramaticais, onde anteriormente, podia-se apenas cantá-la.

Mas voltando a falar em física, mais especificamente no nosso ensino regular, algumas palavras também não migrarão de uma disciplina para a outra sem aviso prévio com o caso de ênclise, próclise e mesóclise, provenientes da biologia e cujo significado diz respeito às formas de divisão celular. O mesmo ocorre com prosopopéia, da família dos herbívoros, e parente próxima da centopéia que também come folhas.

Alguns significados etnológicos também não mudarão como no próprio caso do nosso ensino regular, que também poderá ser escrito pela expressão “ensino mais ou menos”. Para isto basta considerarmos uma escala de avaliação de cinco pontos sobre a qualidade do ensino: Muito ruim, ruim, regular, bom e muito bom.

No Brasil, excetuando as gráficas e editoras, a reforma ainda não foi bem aceita, porém já existem iniciativas públicas e privadas para mudar esta realidade como é o caso do programa soletrando do Luciano Incrível Hulk com a participação da Sandy como jurada.

São de iniciativas deste porte, que o nosso “ensino mais ou menos” precisará para atingir a meta estipulada sob os moldes de Juscelino Kubitschek, porém um pouco mais audaciosa. A de 500 anos em 4.

Diante deste quadro negro fica a pergunta: Será que vai dar praia?

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